quarta-feira, 17 de maio de 2017

A Palavra dos Outros - Modernidade e Trabalho por Conta de Outrem

Por vezes, convém atentar nas palavras de quem se insere em áreas ideológicas diversas, como sucede neste caso quanto a um ponto de vista eminentemente católico mas que se refere com grande clareza e actualidade aos chamados “direitos dos trabalhadores” e que surgiu no “Diário de Notícias” de Lisboa de 11/05/2017.
É claro que a laicidade é um valor essencial das sociedades modernas, tanto mais valioso quanto o Mundo tem vindo a ser invadido por fundamentalismo religiosos de diversos tipos, mas todos eles de resultados catastróficos para a Humanidade.
Porém, a modernidade do laicismo não pode servir para ocultar as mais arcaicas concepções da exploração do homem pelo homem e fazer-nos reverter a épocas em que quem trabalhava por conta de outrem não era dono do seu tempo.
Pedindo emprestado ao comentarista o conceito de que o demónio, embora bem disfarçado, está sempre presente e à espreita para fazer das suas, assim também realmente sucede com o desejo de explorar o seu semelhante que continua a ser omnipresente, mas bem disfarçado atrás dos mais bonitos e “modernos” conceitos, ocultando que os mesmos cheiram à escravatura que já foi (ou devia estar) extinta.

Por isso, é altamente saudável a reflexão que se transcreve.


terça-feira, 16 de maio de 2017

ASPAS

O PSD e o futuro… duas palavras que não esperaria ver juntas tantas vezes. Ou reparando bem… até que encaixam! O futuro é impossível de prever e facilmente esquecido, o que o torna perfeito para guardar as promessas do PSD. E é lá que ficam, e é lá que morrem. À nascença.


in DN



Será a comunicação social apenas um “pombo correio”, máquina de citações e aspas ou terá ela também a obrigação de verificar os factos?



Alex

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Já falta menos de um ano e parece que a funcionária meteu baixa

À boa maneira albuquerquista o problema das comemorações para os 600 anos do povoamento do arquipélago foi resolvido "empurrando com a barriga".

Em vez de serem tomadas medidas, o Governo albuquerquista nomeou uma funcionária e... pronto! Considerou que já não era preciso fazer mais nada e que os problemas se resolveriam por si próprios.





Mas, ao fim e ao cabo, ainda nada foi feito e o tempo é cada vez mais escasso.

A total incompetência e a incapacidade para governar estão bem evidentes neste caso.

A ver vamos...

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Por onde andará o “Vinho Madeira”?

Apesar de toda a propaganda oficial, é por demais visível que a situação do “Vinho Madeira” marca passo que os pequenos aumentos no valor das suas vendas se referem à exportação para França dos “Vinhos para molhos”, que já chega a estar proibida devido à má imagem que pode transmitir.
É claro que qualquer panfleto turístico ou discurso de governante que se preze não deixarão de invocar o vinho como uma das glórias da Região, mas, conviria examinar o que se passa a este respeito no quotidiano da Região, e, nesse aspecto, nada melhor do que observar qual é o seu lugar nos locais mais sofisticados e que se dedicam ao consumo de bebidas tidas como “finas”.
De forma totalmente aleatória reproduzem-se as listas de bebidas que são apresentadas aos clientes em dois dos estabelecimentos mais prestigiados da cidade.
Num dos casos, em matéria de vinhos licorosos, existem quatro variedades de Madeira para cinco de Porto a que acresce o Xerês e o Moscatel, sendo poupérrima a variedade (e discutível a idade, digamos…) da oferta regional.


No outro exemplo estamos ainda pior e um estabelecimento carissímo propõe um cálice de “Madeira – 3 anos” por 5 euros, o que será pouco menos do que o preço de uma garrafa e constitui uma óptima solução para que não se fiquem a conhecer as características do “novo” vinho.
E, o “Porto” lá surge novamente em boa posição.


Em alternativa, observe-se a lista de um estabelecimento situado numa “casa de vinhos” e poder-se-á facilmente constatar o que seja uma oferta de corresponde à qualidade e prestígio que se pretende associar ao “Vinho Madeira”, pese embora o nível dos preços nos escalões mais vulgares.


Mas, escolheu-se este exemplo precisamente por constituir uma excepção… 
Ora, se no próprio local da produção, não existe valorização do produto, o que poderemos esperar?

segunda-feira, 8 de maio de 2017

A respeito do património artístico da Madeira – “Há quem tenha mais sorte que juízo”?

Já lá vão alguns anos, no anterior “Furabardos” (Abril/2006) teceram-se algumas considerações quanto a obras pouco divulgadas do património artístico regional, as quais foram intergradas num livro, publicado conjuntamente com Élvio Sousa, sob o título “Fragmentos”.

As “grosseiras” características do título que agora se escolheu para encimar este texto têm directamente a ver com a forma como são ignorados sectores significativos desse património, como se detectou, no passado dia 4, através do programa “Capelas ao Luar”, quanto ao recheio da Capela de Nossa Senhora da Consolação, no Funchal, pois a mesma exibe um frontal altar que é proveniente do Convento de São Francisco e consiste num requintado trabalho de embutidos com pedras coloridas, que foi característico da arte italiana.
Mas para além da sua beleza, esse frontal acha-se datado de 1701 e assinado pelo seu autor, um artista italiano, revestindo-se por isso de características raríssimas e altamente valiosas para a História da Arte.



Porém, apesar da sua existência ser conhecida, esta obra não tem estado acessível e, que se saiba, até à data não tinha sido objecto de qualquer divulgação num desaproveitamento que, pela sua importância, justifica plenamente a expressão inicial, que também poderia ser substituída por um outro dito popular, como seja, “dá Deus nozes a quem não tem dentes”.
De qualquer forma, e mantendo-nos na chamada “sabedoria popular”, cabe dizer que, “mais vale tarde do que nunca”, sucedendo que este tipo de iniciativas, que tem vindo a ser promovido pela Direcção Regional de Cultura, se tem revelado como surpreendentemente positivo pela adesão e participação que tem obtido.
Apetece dizer que o autor destas linhas anda algo desfasado da opinião pública na medida em que surge a elogiar uma iniciativa que não beneficia dos holofotes mediáticos, mas, é indiscutível que, com meios modestos, tem sido obtido um excelente resultado.
E, já agora, para terminar pergunta-se:

-Para quando uma exposição dedicada ao espólio do Convento de São Francisco?

terça-feira, 2 de maio de 2017

Alguns brevíssimos comentários quanto ao livro de Bernardo Martins sobre o período seguinte ao 25 de Abril de 1974 em Machico

Poderá existir alguma falha por parte do autor destas linhas, mas, pelo menos ao nível da comunicação escrita, não se detectou qualquer notícia, por brevíssima que fosse, relativamente ao lançamento no passado dia 29 de Abril, da obra de Bernardo Martins, sobre o “Centro de Informação Popular”, que assumiu um papel preponderante em tudo o que passou no concelho de Machico nos anos de 1974 (após 25 de Abril, obviamente…) e 1975.
Porém trata-se de uma obra com a chancela da Universidade da Madeira e, portanto, dotada de inultrapassáveis características académicas e, por outro lado é por demais evidente o carácter inovador quanto à abordagem de um período essencial da história do arquipélago mas que, pelos vistos, muitos pretendem esquecer.
É certo que o “decano” com uma semana de antecedência, anunciou que iria existir o evento, mas, por isso mesmo, ainda se torna mais incompreensível que depois não lhe tivesse dado qualquer tratamento.



Quanto ao “JM” veio a dar a triste imagem de assumir as dores nesta matéria do “defunto” (?) “Jornal da Madeira”.
Não se põe em causa que o dia-a-dia da Madeira esteja repleto de “profundos” acontecimentos “culturais” e que não surjam abundantemente publicações de “Vão de escada”, sobre temas exotéricos e que põem em causa a razão e a ciência, e que merecem um profundo carinho por parte da Comunicação Social da Região, o que talvez explique a prática impossibilidade de cobrirem esta apresentação, mas, se, porventura, queremos ter uma Universidade, pareceria ser lógico que fosse dada a primazia às obras cientificas que lhe estão associadas.
Precisamente porque se trata de uma obra que surge como excepcionalmente rica no panorama regional, a mesma merece (ou melhor, mereceria…) vários comentários, e, nesse âmbito, escolheu-se um aspecto muito parcelar por esta abordagem.
Pese embora a relevância que lhe é dada pelo autor do livro, supõe-se que seria o problema da colónia que constituiria o primeiro e essencial motor de tudo o que ocorreu em Machico após o 25 de Abril, o que origina algumas notas a respeito dos terrenos da Machitur, que, segundo se pensa, mereceriam um tratamento mais detalhado.
Seguindo a obra de Bernardo Martins, tratava-se de uma extensa faixa de terreno da freguesia, que se iniciava junto ao Forte de S. João Batista e ultrapassava o Largo da Sra. dos Milagres, que ocupava toda a encosta que era então habitável e cultivável e que se encontrava sujeita ao regime da colónia de uma forma praticamente total.


Pouco tempo antes do 25 de Abril foi planeado grande empreendimento turístico para esse terreno e consequentemente os colonos foram despojados das suas terras e, sobretudo, das suas casas, ficando por vezes sem qualquer habitação onde se pudessem acolher, o que diz bem do carácter altamente traumatizante do então sucedido.
Segundo o livro que se comenta, pouco tempos após a Revolução, foi feito um apelo à recuperação desses terrenos, apelo esse que foi imediatamente seguido, e nada mais é dito, como se a situação tivesse então ficado resolvida através deste meio.
Porém, em 04/06/1980, a Câmara Municipal, gerida pelo PSD, fez publicar um edital em que se propunha assumir os direitos de plena proprietária de grande parte desse terreno, denominado como Sítio da Misericórdia, no caso dos colonos não deduzissem qualquer reclamação no prazo de… dez dias!!!
Como seria de esperar, tal prazo era por demais exíguo, e, em, 06/01/2009, a Câmara fez lavrar escritura de justificação em que se dá como dona e legítima proprietária desse espaço, e, por enquanto, pouco ou nada se soube a esse respeito, apesar de uma titularidade que, face ao Direito, (que não à justiça social…) acha perfeitamente estabelecida.
Mas, regressando a quarenta e tal anos atrás, talvez não se tornasse forçoso um percurso e uma solução deste tipo.
A expulsão dos colonos necessitava de ser efectuada através da via judicial, e deu origem às acções que correram ao Tribunal de Santa Cruz com os n.º 18/72 e 22/72, ambas da 1.ª secção desse Tribunal, mas a quase total incapacidade, dos colonos quer a nível económico, quer a nível de marginalização social, para reagirem a esses processos, originou que, em grande parte dos casos fossem ultrapassadas as normais regras processuais e fossem tomadas decisões a favor dos senhorios que não tinham qualquer sustento legal.
Alguns dos colonos ainda não tinham sido despejados em Abril de 1974, permanecendo nos seus terrenos e casas e, portanto, relativamente a eles as decisões judiciais não produziram quaisquer efeitos.


Noutros casos e perante a existência de inúmeros herdeiros o Tribunal não conseguia concretizar a citação de todos os interessados e portanto, as correspondentes decisões também não chegaram a ser válidas e, ainda noutros casos, não chegaram a ser entregues as “indemnizações” aos colonos, o que também punha em causa a legalidade de despejos que, no entanto, muitas vezes chegaram a ser efectuados, embora sem cobertura legal.
Do exposto resulta que a situação destes terrenos poderia ter sido abordada de forma mais detalhada e talvez, mais eficaz.

Mas, sobretudo, se nos lembrarmos que na pequena Vila de Machico, muitas dezenas de pessoas tinham sido despejadas das suas habitações e das suas terras, nalguns casos poucos dias antes do 25 de Abril, torna-se então bem clara a razão da excepcional radicalização da população relativamente à maior parte da Ilha, e, por isso, afigura-se que tal situação teria merecido uma maior abordagem.