segunda-feira, 8 de maio de 2017

A respeito do património artístico da Madeira – “Há quem tenha mais sorte que juízo”?

Já lá vão alguns anos, no anterior “Furabardos” (Abril/2006) teceram-se algumas considerações quanto a obras pouco divulgadas do património artístico regional, as quais foram intergradas num livro, publicado conjuntamente com Élvio Sousa, sob o título “Fragmentos”.

As “grosseiras” características do título que agora se escolheu para encimar este texto têm directamente a ver com a forma como são ignorados sectores significativos desse património, como se detectou, no passado dia 4, através do programa “Capelas ao Luar”, quanto ao recheio da Capela de Nossa Senhora da Consolação, no Funchal, pois a mesma exibe um frontal altar que é proveniente do Convento de São Francisco e consiste num requintado trabalho de embutidos com pedras coloridas, que foi característico da arte italiana.
Mas para além da sua beleza, esse frontal acha-se datado de 1701 e assinado pelo seu autor, um artista italiano, revestindo-se por isso de características raríssimas e altamente valiosas para a História da Arte.



Porém, apesar da sua existência ser conhecida, esta obra não tem estado acessível e, que se saiba, até à data não tinha sido objecto de qualquer divulgação num desaproveitamento que, pela sua importância, justifica plenamente a expressão inicial, que também poderia ser substituída por um outro dito popular, como seja, “dá Deus nozes a quem não tem dentes”.
De qualquer forma, e mantendo-nos na chamada “sabedoria popular”, cabe dizer que, “mais vale tarde do que nunca”, sucedendo que este tipo de iniciativas, que tem vindo a ser promovido pela Direcção Regional de Cultura, se tem revelado como surpreendentemente positivo pela adesão e participação que tem obtido.
Apetece dizer que o autor destas linhas anda algo desfasado da opinião pública na medida em que surge a elogiar uma iniciativa que não beneficia dos holofotes mediáticos, mas, é indiscutível que, com meios modestos, tem sido obtido um excelente resultado.
E, já agora, para terminar pergunta-se:

-Para quando uma exposição dedicada ao espólio do Convento de São Francisco?

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