Nestes últimos tempos, o tema dos aeroportos voltou a ser motivo de
atenções que tiveram origem nas críticas do ex-deputado do PSD
João Baptista Lemos aos pilotos que utilizavam a pista da Madeira, o
que originou alguns comentários por parte da Associação de Pilotos
Portugueses da Linha Aérea no DN de 03/02/2017.
Entretanto, no DN de 17/02/2017, o responsável pelo sector do
Turismo da ACIF veio lançar o alerta de que o nosso aeroporto não
tinha condições para corresponder ao radical aumento de turismo que
está previsto no próximo Plano de Ordenamento do Sector, o que, a
ser verdadeiro, tornaria absurdo esse Plano.
Mas, além disso, é incontestável que nos próximos tempos irão
existir alterações climáticas, independentemente da sua dimensão
e das suas causas, e, portanto, é inultrapassável a conclusão de
que irá ser ainda mais reduzida a operacionalidade do Aeroporto da
Madeira.
Perante este panorama, será útil tecer algumas considerações,
independentemente do seu rigor ser total ou meramente parcelar.
O que começa, em primeiro lugar por recordar que a ampliação do
nosso aeroporto foi efectuada com o argumento de que era necessária
uma pista que tivesse dimensões para os aviões com maior lotação,
os chamados “Wide Body” e, a ser assim, talvez ficassem
parcialmente resolvidas as preocupações manifestadas pelo
responsável da ACIF.
Sucede porém, e, esta introdução pode parecer a de uma história
para criancinhas, que ninguém reparou em que o tamanho da pista não
era tudo…
Ou ainda, num registo muito simples, essas dimensões até podem ser
suficientes, como resulta da aterragem de um desses “Wide
Bodies” no dia da inauguração, mas existem outras exigências,
nomeadamente a nível da segurança e serviços de socorros.
Por outras palavras, a autorização para que a pista fosse
comercialmente utilizável por esse tipo de aeronaves exigiria
serviços de socorro em material e meios humanos que a tornariam
totalmente inviável sob o ponto de vista económico.
Além disso, os riscos derivados do encerramento do Aeroporto
produzem óbvios prejuízos económicos para as companhias aéreas,
os quais são notavelmente ampliados conforme aumenta a dimensão dos
aviões.
Ora, perante estas negras perspectivas, valerá a pena atentar na
opinião dos pilotos que já foi expressa na notícia de 03/02:
“A solução para enfrentar os condicionamentos
meteorológicos (e outros,
diria o nosso passarão...)
não passa pela construção de uma
alternativa na ilha, mas em aumentar a capacidade para acolher
aeronaves que divergem para o Porto Santo e em reforçar aquela
infraestrutura aeroportuária de meios técnicos (e
humanos, diria mais uma vez o nosso simpático pássaro)…”
Há vários anos atrás, quando o Ministro da República era o
Brigadeiro Lino Miguel, este, como piloto aviador que tinha sido,
veio bater-se pela importância para a Madeira da pista do Porto
Santo e, por isso, só não foi embrulhado em “alcatrão e penas”
pelo poder regional do PSD, porque o seu cargo a tal obstava.
No presente momento, a tendência dominante por parte da empresa
privada que é responsável pelo aeroporto do Porto Santo consiste em
reduzir a um nível mínimo a sua actividade e as suas capacidades
operacionais, mas é bem provável que, daqui a uns anos, se venha a
constatar acerto das opiniões atrás citadas.
A ver vamos…
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