sexta-feira, 23 de junho de 2017

Os Gémeos de Cristiano Ronaldo – Tratar-se-á Exactamente da Utilização de uma “Barriga de Aluguer”?


Como seria mais do que natural, o nascimento dos filhos de Cristiano Ronaldo monopoliza as atenções, mas, para além do facto em si mesmo, merece alguns comentários a respeito da utilização da expressão “barriga de aluguer”.
Segundo resulta das notícias divulgadas, o nascimento teria resultado da introdução do sémen de Ronaldo, não se sabe por que vias, no organismo reprodutor de uma mulher que se predispôs a suportar os resultados, permanecendo no anonimato e prescindindo de reivindicar a maternidade. Mas, numa apreciação muito genérica, tal não constitui nenhuma novidade e traduz o procedimento que é usualmente designado como inseminação artificial.



Num outro plano, totalmente diferente, situa-se a procriação medicamente assistida em que um óvulo, já fecundado, é introduzido no útero de uma outra mulher, que vai gerar a criança.
Uma defensora do “Contrato de gestação” (sic.), Vera Lúcia Raposo (Revista do MP, n.º 149, 2017), sustenta que, neste caso, qualquer direito relacionado com paternidade e maternidade se deve atribuir aos dadores dos gâmetas e não à autora da gestação da criança, colocando-se aqui um elemento diferenciador da situação que tem sido propalada, onde a detentora da “barriga de aluguer” não deixa de ser a mãe genética da criança.
A expressão “contrato de gestação” é bem clara e está isenta de ambiguidades: - trata-se apenas de um simples negócio, como quem compra batatas ou arrenda uma casa, etc., etc.
Relativamente a este negócio (e, um contrato é, por definição, um negócio) noticiava-se há pouco:

« Realizou-se em Madrid a 6 e 7 de Maio a feira Surrofair, que juntou 24 expositores de agências de todo o mundo especializadas no negócio das barrigas de aluguer. A feira oferecia atendimento reservado aos potenciais interessados, além de debates com oradores de cada uma das empresas com temas como «selecção e relação com a gestante», «aspectos legais a ter em conta na hora de escolher um destino», «como reduzir gastos e aumentar as taxas de êxito» ou gestação de substituição na Ucrânia, no Canadá ou nos EUA.
No sítio da revista organizadora pode ler-se artigos sobre as razões para as diferenças de preço entre os diversos países (entre o 35 e os 150 mil euros), os motivos para a Índia ser dos «destinos mais económicos», ou manuais sobre como discutir orçamentos - estão ou não as ecografias obstétricas incluídas no preço, os advogados para tratarem da saída do bebé do país são ou não de confiança, etc. Preocupações - chamemos-lhe assim - que revelam o grau de mercantilização de todo o processo. » in AVANTE, 18/05/2017


Numa outra vertente, é insofismável que, para as camadas aristocráticas, sempre existiram as “barrigas de aluguer” no sentido inicialmente referido e que forneciam o imprescindível herdeiro que garantiria a continuidade do seu poder e, nestes casos, as mães eram sequestradas para toda a vida, quando não eram feitas desaparecer por métodos mais expeditos e, para usar um velho refrão, já com barbas, mais uma vez se verifica que o capitalismo representa um progresso relativamente ao feudalismo, sem que, no entanto, se possam considerar como recomendáveis as soluções que propõe.
Aliás,  voltando atrás, os mais velhos, se procurarem nas suas memórias, seguramente que encontrarão casos de crianças que foram totalmente retiradas às suas mães e foram criadas (a palavra “criadas”, neste caso, tem um sentido ambivalente…) na total ignorância de quem tivesse sido a sua verdadeira mãe.
Quanto ao Cristiano Ronaldo e segundo se deduz das notícias que surgiram, o caso é bem simples e é essa a razão para questionar o uso da expressão “barriga de aluguer” que melhor se aplica às situações que antes se descreveram.
Em Portugal, nada poderia evitar que uma mãe, não só gestacional, mas também genética, viesse reivindicar a maternidade da criança, mas é pouco ou nada previsível que tal viesse suceder, perante as mais do que prováveis e chorudas contra partidas que terá recebido.
E, perante este panorama, na faz qualquer sentido tecer considerações moralistas a respeito da opção que foi tomada por Cristiano Ronaldo, apenas restando “dar-lhe” os tradicionais parabéns e desejar-lhe boa sorte.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Longa Vida ao Grande Líder


Observe-se o seguinte texto em louvor de um dirigente político, no qual cinco partidos declaram, e. passa a citar-se:

«Têm um orgulho imensurável (sic) em apoiar alguém com os valores e os princípios professados por…, um homem honesto, capaz e corajoso, que tem trabalhado de forma incansável para melhorar a qualidade de vida» … do povo.

Estranha-se que tantos partidos não tenham “valores” e “princípios” próprios e diferenciados, ou, em simultâneo, tenham abdicado dos mesmos para apoiarem aqueles que sejam professados por um só Homem, o qual, seguramente, só encontrará comparação com o tão maltratado Kim Il-Sung, número 2 ou 3, já não se sabe bem.



Mas, sobretudo, ficámos a saber que tal foi feito com um “orgulho imensurável” (ficaria melhor dizerem “incomensurável”…), ou seja, com um orgulho que excede a humana capacidade de medir as realidades concretas!!!

Para partidos que surgiram com o anunciado propósito de renovarem o discurso político, não está mau…

quarta-feira, 17 de maio de 2017

A Palavra dos Outros - Modernidade e Trabalho por Conta de Outrem

Por vezes, convém atentar nas palavras de quem se insere em áreas ideológicas diversas, como sucede neste caso quanto a um ponto de vista eminentemente católico mas que se refere com grande clareza e actualidade aos chamados “direitos dos trabalhadores” e que surgiu no “Diário de Notícias” de Lisboa de 11/05/2017.
É claro que a laicidade é um valor essencial das sociedades modernas, tanto mais valioso quanto o Mundo tem vindo a ser invadido por fundamentalismo religiosos de diversos tipos, mas todos eles de resultados catastróficos para a Humanidade.
Porém, a modernidade do laicismo não pode servir para ocultar as mais arcaicas concepções da exploração do homem pelo homem e fazer-nos reverter a épocas em que quem trabalhava por conta de outrem não era dono do seu tempo.
Pedindo emprestado ao comentarista o conceito de que o demónio, embora bem disfarçado, está sempre presente e à espreita para fazer das suas, assim também realmente sucede com o desejo de explorar o seu semelhante que continua a ser omnipresente, mas bem disfarçado atrás dos mais bonitos e “modernos” conceitos, ocultando que os mesmos cheiram à escravatura que já foi (ou devia estar) extinta.

Por isso, é altamente saudável a reflexão que se transcreve.


terça-feira, 16 de maio de 2017

ASPAS

O PSD e o futuro… duas palavras que não esperaria ver juntas tantas vezes. Ou reparando bem… até que encaixam! O futuro é impossível de prever e facilmente esquecido, o que o torna perfeito para guardar as promessas do PSD. E é lá que ficam, e é lá que morrem. À nascença.


in DN



Será a comunicação social apenas um “pombo correio”, máquina de citações e aspas ou terá ela também a obrigação de verificar os factos?



Alex

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Já falta menos de um ano e parece que a funcionária meteu baixa

À boa maneira albuquerquista o problema das comemorações para os 600 anos do povoamento do arquipélago foi resolvido "empurrando com a barriga".

Em vez de serem tomadas medidas, o Governo albuquerquista nomeou uma funcionária e... pronto! Considerou que já não era preciso fazer mais nada e que os problemas se resolveriam por si próprios.





Mas, ao fim e ao cabo, ainda nada foi feito e o tempo é cada vez mais escasso.

A total incompetência e a incapacidade para governar estão bem evidentes neste caso.

A ver vamos...

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Por onde andará o “Vinho Madeira”?

Apesar de toda a propaganda oficial, é por demais visível que a situação do “Vinho Madeira” marca passo que os pequenos aumentos no valor das suas vendas se referem à exportação para França dos “Vinhos para molhos”, que já chega a estar proibida devido à má imagem que pode transmitir.
É claro que qualquer panfleto turístico ou discurso de governante que se preze não deixarão de invocar o vinho como uma das glórias da Região, mas, conviria examinar o que se passa a este respeito no quotidiano da Região, e, nesse aspecto, nada melhor do que observar qual é o seu lugar nos locais mais sofisticados e que se dedicam ao consumo de bebidas tidas como “finas”.
De forma totalmente aleatória reproduzem-se as listas de bebidas que são apresentadas aos clientes em dois dos estabelecimentos mais prestigiados da cidade.
Num dos casos, em matéria de vinhos licorosos, existem quatro variedades de Madeira para cinco de Porto a que acresce o Xerês e o Moscatel, sendo poupérrima a variedade (e discutível a idade, digamos…) da oferta regional.


No outro exemplo estamos ainda pior e um estabelecimento carissímo propõe um cálice de “Madeira – 3 anos” por 5 euros, o que será pouco menos do que o preço de uma garrafa e constitui uma óptima solução para que não se fiquem a conhecer as características do “novo” vinho.
E, o “Porto” lá surge novamente em boa posição.


Em alternativa, observe-se a lista de um estabelecimento situado numa “casa de vinhos” e poder-se-á facilmente constatar o que seja uma oferta de corresponde à qualidade e prestígio que se pretende associar ao “Vinho Madeira”, pese embora o nível dos preços nos escalões mais vulgares.


Mas, escolheu-se este exemplo precisamente por constituir uma excepção… 
Ora, se no próprio local da produção, não existe valorização do produto, o que poderemos esperar?

segunda-feira, 8 de maio de 2017

A respeito do património artístico da Madeira – “Há quem tenha mais sorte que juízo”?

Já lá vão alguns anos, no anterior “Furabardos” (Abril/2006) teceram-se algumas considerações quanto a obras pouco divulgadas do património artístico regional, as quais foram intergradas num livro, publicado conjuntamente com Élvio Sousa, sob o título “Fragmentos”.

As “grosseiras” características do título que agora se escolheu para encimar este texto têm directamente a ver com a forma como são ignorados sectores significativos desse património, como se detectou, no passado dia 4, através do programa “Capelas ao Luar”, quanto ao recheio da Capela de Nossa Senhora da Consolação, no Funchal, pois a mesma exibe um frontal altar que é proveniente do Convento de São Francisco e consiste num requintado trabalho de embutidos com pedras coloridas, que foi característico da arte italiana.
Mas para além da sua beleza, esse frontal acha-se datado de 1701 e assinado pelo seu autor, um artista italiano, revestindo-se por isso de características raríssimas e altamente valiosas para a História da Arte.



Porém, apesar da sua existência ser conhecida, esta obra não tem estado acessível e, que se saiba, até à data não tinha sido objecto de qualquer divulgação num desaproveitamento que, pela sua importância, justifica plenamente a expressão inicial, que também poderia ser substituída por um outro dito popular, como seja, “dá Deus nozes a quem não tem dentes”.
De qualquer forma, e mantendo-nos na chamada “sabedoria popular”, cabe dizer que, “mais vale tarde do que nunca”, sucedendo que este tipo de iniciativas, que tem vindo a ser promovido pela Direcção Regional de Cultura, se tem revelado como surpreendentemente positivo pela adesão e participação que tem obtido.
Apetece dizer que o autor destas linhas anda algo desfasado da opinião pública na medida em que surge a elogiar uma iniciativa que não beneficia dos holofotes mediáticos, mas, é indiscutível que, com meios modestos, tem sido obtido um excelente resultado.
E, já agora, para terminar pergunta-se:

-Para quando uma exposição dedicada ao espólio do Convento de São Francisco?

terça-feira, 2 de maio de 2017

Alguns brevíssimos comentários quanto ao livro de Bernardo Martins sobre o período seguinte ao 25 de Abril de 1974 em Machico

Poderá existir alguma falha por parte do autor destas linhas, mas, pelo menos ao nível da comunicação escrita, não se detectou qualquer notícia, por brevíssima que fosse, relativamente ao lançamento no passado dia 29 de Abril, da obra de Bernardo Martins, sobre o “Centro de Informação Popular”, que assumiu um papel preponderante em tudo o que passou no concelho de Machico nos anos de 1974 (após 25 de Abril, obviamente…) e 1975.
Porém trata-se de uma obra com a chancela da Universidade da Madeira e, portanto, dotada de inultrapassáveis características académicas e, por outro lado é por demais evidente o carácter inovador quanto à abordagem de um período essencial da história do arquipélago mas que, pelos vistos, muitos pretendem esquecer.
É certo que o “decano” com uma semana de antecedência, anunciou que iria existir o evento, mas, por isso mesmo, ainda se torna mais incompreensível que depois não lhe tivesse dado qualquer tratamento.



Quanto ao “JM” veio a dar a triste imagem de assumir as dores nesta matéria do “defunto” (?) “Jornal da Madeira”.
Não se põe em causa que o dia-a-dia da Madeira esteja repleto de “profundos” acontecimentos “culturais” e que não surjam abundantemente publicações de “Vão de escada”, sobre temas exotéricos e que põem em causa a razão e a ciência, e que merecem um profundo carinho por parte da Comunicação Social da Região, o que talvez explique a prática impossibilidade de cobrirem esta apresentação, mas, se, porventura, queremos ter uma Universidade, pareceria ser lógico que fosse dada a primazia às obras cientificas que lhe estão associadas.
Precisamente porque se trata de uma obra que surge como excepcionalmente rica no panorama regional, a mesma merece (ou melhor, mereceria…) vários comentários, e, nesse âmbito, escolheu-se um aspecto muito parcelar por esta abordagem.
Pese embora a relevância que lhe é dada pelo autor do livro, supõe-se que seria o problema da colónia que constituiria o primeiro e essencial motor de tudo o que ocorreu em Machico após o 25 de Abril, o que origina algumas notas a respeito dos terrenos da Machitur, que, segundo se pensa, mereceriam um tratamento mais detalhado.
Seguindo a obra de Bernardo Martins, tratava-se de uma extensa faixa de terreno da freguesia, que se iniciava junto ao Forte de S. João Batista e ultrapassava o Largo da Sra. dos Milagres, que ocupava toda a encosta que era então habitável e cultivável e que se encontrava sujeita ao regime da colónia de uma forma praticamente total.


Pouco tempo antes do 25 de Abril foi planeado grande empreendimento turístico para esse terreno e consequentemente os colonos foram despojados das suas terras e, sobretudo, das suas casas, ficando por vezes sem qualquer habitação onde se pudessem acolher, o que diz bem do carácter altamente traumatizante do então sucedido.
Segundo o livro que se comenta, pouco tempos após a Revolução, foi feito um apelo à recuperação desses terrenos, apelo esse que foi imediatamente seguido, e nada mais é dito, como se a situação tivesse então ficado resolvida através deste meio.
Porém, em 04/06/1980, a Câmara Municipal, gerida pelo PSD, fez publicar um edital em que se propunha assumir os direitos de plena proprietária de grande parte desse terreno, denominado como Sítio da Misericórdia, no caso dos colonos não deduzissem qualquer reclamação no prazo de… dez dias!!!
Como seria de esperar, tal prazo era por demais exíguo, e, em, 06/01/2009, a Câmara fez lavrar escritura de justificação em que se dá como dona e legítima proprietária desse espaço, e, por enquanto, pouco ou nada se soube a esse respeito, apesar de uma titularidade que, face ao Direito, (que não à justiça social…) acha perfeitamente estabelecida.
Mas, regressando a quarenta e tal anos atrás, talvez não se tornasse forçoso um percurso e uma solução deste tipo.
A expulsão dos colonos necessitava de ser efectuada através da via judicial, e deu origem às acções que correram ao Tribunal de Santa Cruz com os n.º 18/72 e 22/72, ambas da 1.ª secção desse Tribunal, mas a quase total incapacidade, dos colonos quer a nível económico, quer a nível de marginalização social, para reagirem a esses processos, originou que, em grande parte dos casos fossem ultrapassadas as normais regras processuais e fossem tomadas decisões a favor dos senhorios que não tinham qualquer sustento legal.
Alguns dos colonos ainda não tinham sido despejados em Abril de 1974, permanecendo nos seus terrenos e casas e, portanto, relativamente a eles as decisões judiciais não produziram quaisquer efeitos.


Noutros casos e perante a existência de inúmeros herdeiros o Tribunal não conseguia concretizar a citação de todos os interessados e portanto, as correspondentes decisões também não chegaram a ser válidas e, ainda noutros casos, não chegaram a ser entregues as “indemnizações” aos colonos, o que também punha em causa a legalidade de despejos que, no entanto, muitas vezes chegaram a ser efectuados, embora sem cobertura legal.
Do exposto resulta que a situação destes terrenos poderia ter sido abordada de forma mais detalhada e talvez, mais eficaz.

Mas, sobretudo, se nos lembrarmos que na pequena Vila de Machico, muitas dezenas de pessoas tinham sido despejadas das suas habitações e das suas terras, nalguns casos poucos dias antes do 25 de Abril, torna-se então bem clara a razão da excepcional radicalização da população relativamente à maior parte da Ilha, e, por isso, afigura-se que tal situação teria merecido uma maior abordagem.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

CLARO!

Foto de TVI 24

“Eu procurei ajudar as pessoas” – Alberto João Jardim ao JM de 24/04/2017, pura verdade e a lista é tão longa que basta recordar dois ou três nome, como, Avelino Farinha e Agrela, Família Sousa, Jaime Ramos, etc., etc., estão entre as pessoas que mais foram ajudadas pelo jardinismo.

Só resta esperar que digam: um bem haja!

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Vem aí o 25 de Abril - A Respeito do Falecimento do Coronel Virgílio Varela

Faleceu recentemente o cidadão da Ponta do Sol Virgílio Varela que teve destacado papel no movimento militar de 16 de Março de 1974 e no MFA a seguir ao 25 de Abril.
Embora estivesse ligado às tendências mais à direita no interior do Movimento, por vezes designadas como “spinolistas”, o certo é que se tratava de um natural da Madeira que lutou contra o regime fascista, e, por isso, não é fácil de aceitar o silêncio que se gerou à volta da sua pessoa.


Ainda recentemente (DN, 14/04/2017), um comentador, a respeito de uma obra artística visivelmente falhada elogiava o seu autor porque, “tornou-se o artista madeirense mais conhecido e mais falado de todos os tempos” e, tal como neste caso, a qualidade de “madeirense”, só por si dá origem a múltiplos elogios ao nível da opinião pública, e, por isso, é dificilmente compreensível o silêncio que se gerou neste caso.
Ao fim e ao cabo, pode-se discordar das suas opiniões políticas, mas será forçoso reconhecer que serão poucos (pouquissímos…) os madeirenses que tenham arriscado a vida para a reconquista da liberdade, como sucedeu com Virgílio Varela.

Por isso, e para explicação deste silêncio, ou nos encontramos ainda perante defensores do regime fascista que foi derrubado no 25 de Abril, o que será pouco provável, ou então a mediocridade de quem nunca lutou “a sério” terá originado este esquecimento.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Tão simples quanto isto: «Se ficarem isolados comem o quê?»

A pergunta saiu da boca de Javier Gil León, um habitante de Canárias, no âmbito do Workshop “Reabilitação do Pastoreio e Regeneração dos Ecossistemas”, comparando a produção dos dois arquipélagos:
- «E se, por um motivo qualquer, a Madeira ficar sem possibilidades de ser acedida por ar ou mar, vocês comem o quê?
Esta pergunta aparece, quando o especialista constatou que não produzimos para sobreviver.


A nossa agricultura é muito deficitária, e não produzimos derivados. O nosso peixe, vem maioritariamente dos Açores. Melhor dizendo, a Madeira não tem economia primária, não tem meios de sobrevivência. 
Num caso de pânico, com uma corrida em massa para adquirir artigos de primeira necessidade, os supermercados ficariam vazios em 4 dias. 
«… Gado produz carne, leite, pele, lã e trabalham todos os dias da semana no combate a fogos …» 

David Francisco



quinta-feira, 13 de abril de 2017

“Tecnovia EMPENHADA NO BLOCO OPERATÓRIO” – DN. 05/04/2017

Uma estranha visita de um empreiteiro ao bloco operatório do Hospital, pode ter uma fácil e notável explicação.

Segundo o “DN” existem processos judiciais elaborados pela Tecnovia e que se destinam a obter o pagamento dos calotes do Governo Regional, mas, é particularmente significativo o processo que pende no Tribunal Administrativo do Funchal e onde a empresa pede vários milhões pelo pagamento de “trabalhos a mais” precisamente no bloco operatório e outras obras no Hospital.

Da consulta à defesa do Governo Regional constata-se que este nega a existência de qualquer contrato para a realização das ditas, que, a existirem, não terão partido da sua iniciativa e, à primeira vista, a situação da Tecnovia é muito delicada e arrisca-se a ficar com milhões de euros a andar, atendendo à inexistência de quaisquer formalidades na alegada contratação.

Daí que se torne então inteiramente natural a operação de charme de que o DN dá conta e até pode ser que a Tecnovia consiga os seus objectivos.

Resta saber se o Tribunal de contas deixará passar um negócio tão informal…


quarta-feira, 12 de abril de 2017

SÃO NÚMEROS, SENHOR, SÃO NÚMEROS!

Segundo o “DN. de 04/04/2017, no primeiro trimestre deste no, embarcaram ou desembarcaram no porto do Funchal, 125 passageiros, o que correspondera a uma média de 1,4 por dia, se tal fosse possível.



Provavelmente, a maior parte até seria madeirenses e não necessitarão da gare para o seu embarque ou desembarque, mas, de qualquer forma, os muitos milhões que foram gastos naquela gare só não foram bem empregues porque com este número de utentes até podia ser pavimentada a ouro e diamantes…

NADA MELHOR DO QUE A “COLTURA”

Consultando o Orçamento Regional para o ano que passou e tendo em consideração alguns projectos culturais então planeados, podemos observar o seguinte:


Orçamento
Executado
Recuperação do Convento de Santa Clara
300.000.00 Euros
Zero!
Museu de Fotografia
200.000.00 Euros
Zero!
Recuperação da Fortaleza do Pico
150.000.00 Euros
Zero!
Museu do Património Móvel
1.153.000.00 Euros
Zero!
Museu do Romantismo
1.155.000.00 Euros
Zero!
Museu de Arqueologia
300.000.00 Euros
Zero!
Recuperação do Forte São João Batista em Machico
1.000.000.00 Euros
Zero!

À primeira vista, sobressai a total falta de concretização dos projectos que foram associados, “com pompa e circunstância”, relativamente à governação do ano passado, assim como sobressai a urgência de medidas, que não foram tomadas, relativamente ao Forte do Pico e ao Convento de Santa Clara.
Mas, numa outra vertente, torna-se deveras intrigante que consistirá um tal “Museu do Património Móvel” e quais serão os projectos que se acharão previstos para um tal “Museu do Romantismo”, embora, nada seja de estranhar com um presidente do Governo Regional que, quando era Presidente da Câmara prometeu um Jardim Zoológico!

Tal como durante o jardinismo, continua a ser essencial prometer obras, mesmo que os prometedores não tenham a menor ideia quanto às mesmas.

terça-feira, 11 de abril de 2017

NÚMEROS PARA TODOS OS GOSTOS

Segundo se lê no DN de 31/3, em notícia relativa às Regiões Ultra Periféricas, o PIB da Região, apesar de inflacionado pelos números da Zona Franca, fica-se pelos 73,39 euros, pouco acima dos Açores, que apresenta 70,56 euros e bastante abaixo das Canárias, com 78,20 euros.



Se calhar, na realidade, e após 40 anos de Jardinismo, nem sequer estaremos à frente dos Açores, que, há anos atrás, apresentavam um PIB muito mais baixo do que a Madeira, enquanto que as Canárias aumentaram a sua diferença relativa.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

TODOS OS ANOS PELA PRIMAVERA 6 – Por onde anda a Revisão do Estatuto?

Inicialmente recordou-se um texto de uma obra de um escultor português com esse título, publicada nos tempos de “outra senhora”, cujo protagonista todos os anos pela primavera tentava fazer uma revolução, obviamente fracassada e com pesados custos para o seu autor, utilizando-se essa imagem para as sucessivas e fracassadas tentativas do jardinismo e de seus herdeiros para apresentarem “todos os anos” um projecto de Revisão Constitucional ou do Estatuto Político-Administrativo da RAM.


Este ano, temos nova proposta, que segundo é anunciado, estará a ser discutida na Assembleia Legislativa, mas, para já, tudo permanece no “segredo dos deuses” e, portanto, tomadas de posição, opiniões ou análises, para não falar de estudos aprofundados, são totalmente desconhecidos, nada transpirando quanto aos trabalhos parlamentares.

E, com esta forma de actuação, pode-se antever que, no próximo ano, lá teremos mais uma nova proposta.

terça-feira, 4 de abril de 2017

FALTAM POUCOS MESES

Faltam poucos meses para o inicio do próximo ano o qual corresponde aos seiscentos anos de inicio do povoamento do Arquipélago, segundo as versões mais correntes, mas a governação PSD continua sem dar sinais no sentido de promover as naturais comemorações desse evento.

Segundo se diz, o regime miguelista pretende promover como responsável pelas comemorações uma das suas personagens, obviamente de “boas famílias” e que se encontra presentemente desesperada.

Sucede porem que a dita cuja nada tem a ver com os conhecimentos históricos ou com a cultura, o que pode levar a que a escolha não seja bem vista por esses sectores.

E, de “animação”, já estamos todos cheios…


Enfim, por esta ou por outras razões, o certo é que ainda nada existe.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

E LA NAVE VA…

Perdoando-se-nos a erudição, que só surgirá como tal para os mais novos, apetece recordar um filme de Fellini, de 1983, intitulado “E la nave va” e que, a propósito de um navio traça uma imagem de decadência da Europa em vésperas da primeira guerra mundial, incluindo na sua estória uma reminiscência do rinoceronte que D. Manuel I enviou ao Papa nos inícios de mil e quinhentos.

Na verdade, só o requintado humor das obras de Fellini poderia descrever capazmente todas as peripécias políticas relacionadas com o ferry boat para a Madeira que, como todos sabemos, terminaram precisamente com “la nave se va”.



É claro que, para os “velhos” autonomistas, a existência da ligação marítima deveria resultar de uma decisão dos madeirenses e não das benesses de um qualquer governo do “rectângulo”, mas não é assim que a questão tem sido tratada, e, por isso, os autores do cartaz aqui recordado ficaram mal, ou, mais exactamente, ficaram pessimamente na fotografia.

Repita-se

“Prometeram ligação marítima o PS-Madeira e o PSD-Madeira e ficamos a ver navios”

terça-feira, 28 de março de 2017

Afinca-lhe com um cartaz

Quase quarenta anos de regime laranja, criou vícios que contagiaram a sociedade de uma forma geral. Mas, ver autarcas eleitos fora do círculo do partido do regime, a seguir a mesma linha de propaganda, leva-me sempre a uma pergunta:
- Não aprenderam nada com o passado, ou são farinha do mesmo saco?
Antes de mais, não vejo razão nenhuma para afixarem grandes cartazes, anunciando obras que a autarquia está obrigada enquanto tal.


As coisas ficam deveras com um carácter mais enganador, quando o cartaz propaga uma obra para 2016 não tendo-se cumprido no prazo anunciado.  
Esta propaganda, segundo a escola do partido do regime, deixava-me e deixa-me sempre desconfiado quanto ao verdadeiro propósito. Será que só mudou a cor das moscas?
Não chega mudar de pessoas ou de partido. É preciso mudar de atitude!

David Francisco


NÃO BASTA PARECER, TEM DE SER!...

Todos sabemos que nesta abençoada ilha de Zarco, de há muito que certas promiscuidades acontecem nos mais diversos sectores da nossa sociedade.

Esta constatação tem a ver com uma situação que nem é de todo muito habitual acontecer.

O senhor Pedro Amaral Frazão, Capitão-de-Mar-e-Guerra da Marinha Portuguesa, foi Comandante da Zona Marítima da Madeira desde 2009 a 2012, tendo desempenhado as suas funções de forma exemplar, honrando a nobre instituição que representou. O Governo Regional da Madeira inclusive atribuiu um louvor ao distinto militar da Armada. Até aqui tudo muito bem.



Contudo, e para espanto do comum dos cidadãos, o senhor Amaral Frazão, algum tempo depois, e já numa situação de pré-reforma, aparece ligado ao Grupo Sousa, que, entre milhentas áreas de negócio em todo o país, tem diversas operações marítimas, como a exclusividade da ligação marítima de passageiros para o Porto Santo, a concessão da operação no Porto do Caniçal, o transporte de carga marítima para a Madeira e Porto Santo entre muitas e muitas outras situações.



O facto de desempenhar outra actividade profissional não é questionável. É questionável sim, o facto de ter tido altas responsabilidades como são as de Comandante de uma Zona Marítima, neste caso da Madeira, e estar agora, ligado profissionalmente a um grupo económico que desenvolve grande parte da sua actividade nos portos, nos transportes marítimos, e na carga contentorizada por via marítima.

Já diz o velho ditado, “À mulher de César não basta parecer séria, tem de ser séria!”

Microalgas = Máxi Investimento

Todos sabemos que a R.A.M. está sempre na vanguarda de grandes investimentos (se são úteis, não sei, se são bem utilizados, também não sei, se são para o bolso de alguns, ahumm, jamais se faria isso neste arquipélago tão belo, digo eu!), também sei que estas microalgas são faladas há muitos anos e que finalmente trouxeram “frutos”.


Pois bem, vamos por partes, tudo começou em 2009 com o projecto “Biocombustível Marinho – A Energia do Futuro”, este projecto tinha como objectivo fazer com que a nossa “Ilha Dourada” deixasse de depender do petróleo, isto até 2016, objectivo bem ambicioso. Um projecto inovador, de facto, e veio-se a ver que, para além de inovador, tornou-se também polivalente, multifacetado (era para ser utilizado na cosmética, na indústria farmacêutica, etc., etc.) e inútil, até há uns dias atrás!

Mais de 40 milhões de euros depois, finalmente, pudemos sentir o orgulho de ver as alguinhas a vingarem apenas na ementa oficial da apresentação da Fundação Oceano Azul, é verdade, meus amigos, as alguinhas já chegaram à boca e estômago de várias ilustres personalidades. A “Marina do Lugar de Baixo” não se pode gabar do mesmo, apenas provoca indigestões…

É bom ver projectos destes a voar tão alto, e sempre em parceria com os nossos vizinhos espanhóis! Qual será o próximo projecto? Vamos aguardar as cenas dos próximos episódios, afinal vêm aí as Autárquicas!


Carolina Cardoso

segunda-feira, 27 de março de 2017

NOBRES OBJECTIVOS

“Os ESD’s,… foram criados com o objectivo de acompanhar os estudantes da nossa Região…”

Ver panfleto…

Pelos vistos, os membros desta organização sentem-se como se não estivessem abrangidos pelos problemas dos estudantes…


É claro que a má língua não deixará de concordar com esta forma de ver as coisas, dado que, segundo voz corrente, os seus responsáveis já têm garantidos os futuros empregos, vulgo, “tachos”.

POIS...


Mesmo supondo por hipótese que assim seja, e o consumo de álcool que celebrizou alguns lideres da organização?

sexta-feira, 24 de março de 2017

SE

Se não se pode ser simultaneamente membro do Governo e Vereador…

Se um candidato a uma autarquia anuncia previamente que não está a considerar o abandono do cargo governativo…

Nesse caso, tudo levará a pensar que esse candidato tem poucas esperanças de vir a triunfar nas eleições…

E, leva também a pensar que preferirá ficar no Governo em vez de assumir o cargo de vereador…

No entanto, os eleitos têm direito a eleger vereadores e naturalmente esperam que os eleitos respeitem a sua vontade assumindo os cargos que lhe foram designados.


Da onde se torna legitimo concluir que, no caso de ser mantida a actual opção, estamos perante uma candidatura fantasma.

AEROPORTOS, AEROPORTOS… COM CERTAS OPOSIÇÕES PODE O GOVERNO BEM

«Pouco há a fazer quando o vento sopra mais forte. Aqui não há culpas» (DN, 19/03/2017)

Estas são declarações recentes do líder regional de um partido da oposição que falava ao DN nesta qualidade.

Ora, quando uma organização tão relevante, como é a associação de pilotos, veio expressamente recomendar a adopção de medidas alternativas às limitações na pista do Aeroporto da Madeira, é surpreendente que quem quer fazer oposição, aceite acriticamente as posições do PSD e deite as culpas para o “destino”.

Enfim, a ver vamos…


Por Jarvin - Jarle Vines - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, 
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=10803656

quarta-feira, 22 de março de 2017

AINDA O HELIPORTO


Mesmo os mais preocupados com o projecto do heliporto, podem sossegar lendo o Diário de Noticias de 14 de Março que informa:

«O contrato para a elaboração do projecto foi assinado com a WW-Consultores de Hidráulica e Obras Marítimas, SA. Trata-se de uma empresa bem conhecida das autoridades regionais por ser responsável pelos estudos por várias intervenções no litoral, como na Marina do Lugar de Baixo…»


Com uma intervenção destas, alguém tem dúvidas quanto ao resultado???

E, sem dúvida nenhuma de que se trata de «uma empresa bem conhecida das autoridades regionais”.

FUTURO HELIPORTO DO FUNCHAL ALGUÉM TEM DÚVIDAS?


Após ter sido anunciado um novo heliporto para o Funchal, surgiram variadas dúvidas a esse respeito, para as quais não se vê qualquer razão, dado que a resposta é certa e segura: será tão bom como o heliporto do Hospital, que, na primeira e última vez em que foi utilizado provocou um furacão que ia provocando as piores destruições na vizinhança, ou como o heliporto do Porto Moniz onde nunca chegou nenhum helicóptero, ou o heliporto da sede dos bombeiros de São Vicente.

Dúvidas para quê?

terça-feira, 21 de março de 2017

Indo eu, indo eu, do Curral para o Funchal...

Gastou-se um rol de dinheiro a forrar umas paredes, construindo o galinheiro mas, alcatroaram a estrada que já era uma atracção turística pelo seu mau estado. Até veio gente de Câmara de Lobos para a inauguração, não se sabe bem de quê.
Mas já agora; não podíamos fazer a coisa direita, de só uma vez? Só uma vez! Para isto parecer um país, pelo menos uma vez!
As linhas de limite lateral das faixas de rodagem, que tanta falta fazem nos dias de menor visibilidade, não foram colocadas, para ficar mais barato ou foi mero esquecimento?
Esquecimento de colocar as linhas, claro!!!


“Si que se apure, vigie onde bota ai patas”

David Francisco

AEROPORTOS, AEROPORTOS, AEROPORTOS

Segundo a comunicação social, um quarto dos passageiros dos voos que foram desviados para o Porto Santo nos últimos dias, decidiram deslocar-se para a Madeira de barco.

Espontaneamente aconteceu assim…


Não será já tempo de planear alternativas?


terça-feira, 14 de março de 2017

Caminhar Sobre Brasas


A propósito de um artigo que li no outro dia.

Ora, para que precisam de agasalhos?
O Céu é o limite, dotem também o cérebro da informação de que, se conseguem caminhar sobre brasas a 500ºC, também conseguem não sentir o fresquinho em Santana. É preciso eu ensinar-vos tudo? Há que ser práticos!



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Agora confesso que fico na dúvida, será que o povo desta nossa nobre Região Autónoma também devia participar nesta iniciativa? É que escaldados já andamos! Ou então começamos todos a usar "boitas d'aua" porque o GR anda a regar imenso... É só uma questão de precaução...

E ainda por cima já começaram os incêndios pela ilha e qualquer dia vem mais uma aluvião e a avaliar pelas obras nas ribeiras, estamos bem... "fritos"!


Carolina Cardoso